A web 3.0 é a visão de uma era em que
os motores de busca não se limitam a recolher e apresentar os dados que andam
dispersos pela Internet, mas antes são capazes de "mastigar" essa
informação e produzir respostas concretas.
Numa
altura em que a Web 2.0 já se estabeleceu na vida dos internautas, que
diariamente frequentam redes sociais como o Facebook e o Twitter, está na hora
de abrir as portas à Web 3.0, o passo seguinte da evolução tecnológica num
mundo em que as máquinas se aproximam cada vez mais do universo da inteligência
artificial.
No
começo era a Internet de primeira geração, dos motores de busca simplistas e
dos emails, conceitos já de si revolucionários para quem toda a vida esteve
dependente de bibliotecas, correios e telefones. Depois tudo mudou. A World
Wide Web popularizou-se mundialmente e evoluiu num nanossegundo da História,
comparativamente com o tempo de penetração da maioria dos outros inventos
humanos até à data. Transformou-se na Web 2.0, a da computação social, dos
“chats” em tempo real e das redes de amizade, do cruzamento de informações, da
comunicação e da colaboração, das contribuições para a Wikipédia e dos mundos
virtuais. Nos últimos cinco anos tem sido este o paradigma da web.
Na
terceira fase que se adivinha para a Net – a da Web 3.0, também chamada de Web
semântica, embora este sinónimo entre as duas ideias, forjado pelo “pai” da
Web, Tim Berners-Lee, não esteja livre de polémica – pretende-se que a Rede
organize e faça um uso ainda mais inteligente do conhecimento já
disponibilizado online.
A Web
3.0 serve-se de software que vai aprendendo com o conteúdo que apanha na
Internet, que analisa a popularidade desse conteúdo e chega a conclusões. Em
vez de ter as pessoas a refinar os termos da pesquisa, a Web 3.0 será capaz de
o fazer sozinha, aproximando-se do mundo da inteligência artificial.
Fazendo
uma analogia simples: a diferença entre a Web 2.0 e a Web 3.0 é a diferença
entre ter alguém que se limite a elencar todos os restaurantes aos quais
poderei ir jantar hoje - desconhecendo que alguns desses restaurantes estarão
fechados ou onde poderão servir comida que a mim, em particular, não me agrada
-, e ter alguém a dizer-me exatamente onde é que eu posso ir comer, sabendo à
partida qual é a minha localização geográfica, qual a hora que me é mais
conveniente e quais as minhas preferências gastronómicas.
Em
resumo: a diferença entre a Web 2.0 e a Web 3.0 é a diferença entre obter uma
lista de respostas e uma solução concreta e personalizada para uma pergunta. É
a diferença entre a sintaxe e a semântica.
“A Web
semântica é uma extensão da atual Internet na qual é dado significado à
informação, permitindo que computadores e pessoas trabalhem melhor em
cooperação”. Foi assim que o próprio inventor da Web, Tim Berners-Lee, e Eric
Miller a definiram, em Outubro de 2002.
Numa
outra analogia, incluída num artigo de opinião da revista norte-americana
Adweek, o modelo dos aparelhos existentes no mercado para gravar conteúdos
televisivos (disponibilizados em Portugal pela Meo e pela Zon, e que, nos EUA,
têm um homónimo mais abrangente, o TiVo) ajuda a explicar a maneira como
funciona a Web 3.0. Se alguém tiver um interesse particular pelo actor George
Clooney, o TiVo pode ser programado para gravar tudo o que passar na televisão
sobre ele. Não apenas filmes: séries, publicidade, biografias, entrevistas e toda
a espécie de conteúdos relacionados com o actor.
É
isto que faz a Web 3.0: estreita a pesquisa e tenta dar ao o utilizador o que
este realmente quer. E aqui poderá bater a polémica desta ferramenta, que ajuda
a anular a casualidade. Perde-se o efeito-surpresa.
Motores de busca são o corolário da
Web 3.0
A Web
3.0 é a visão de uma era em que os motores de busca não se limitam a recolher e
apresentar os dados que andam dispersos pela Internet, mas antes são capazes de
“mastigar” essa informação e produzir respostas concretas.
O
motor de busca Wolfram Alpha – criado pelo cientista britânico Stephen Wolfram
– pode ser um dos primeiros marcos desta nova Web 3.0. Aquilo que o site faz é
dar uma resposta, em vez de remeter para potenciais respostas. Depois de feita
uma pergunta ao Wolfram Alpha, o sistema processa as respostas recolhendo dados
de várias páginas e bases que contenham unicamente informação relevante para
essa pergunta em concreto. Este projeto, que há muito vinha a gerar algum
“hype” na blogosfera especializada, foi oficialmente apresentado a 30 de Abril
na Universidade de Harvard (EUA) e está em funcionamento desde o dia 18 de
Maio.
A
Microsoft também já anunciou o seu novo motor de busca, o Bing, com o qual
espera fazer concorrência à hegemonia do Google. A ideia que a Microsft tem
sublinhado nas apresentações do Bing é que não se trata apenas de um motor de
pesquisa, mas, antes, de um “motor de decisão” (decision engine é o termo usado
pela multinacional americana).
Simultaneamente,
a Google já lançou, embora ainda em fase experimental, o Google Squared, com o
mesmo objetivo de responder a perguntas concretas dos internautas, filtrando e
interpretando os resultados. O Squared extrai informação da Web e apresenta os
dados de forma estruturada, em tabelas.
Para
que esta Web semântica venha a produzir resultados é preciso que se massifique
o uso de software e linguagens informáticas específicas, a fim de que seja
produzido mais conteúdo que as máquinas possam usar e que lhes permitam chegar
a conclusões e não apenas a resultados com base em palavras-chave. O caminho já
está aberto.
Texto escrito por Susana Almeida Ribeiro 29/06/2009
Fonte: http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/o-que-e-a-web-30-1389325?fb_action_ids=10201559371564582&fb_action_types=og.recommends&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B483243808394899%5D&action_type_map=%5B%22og.recommends%22%5D&action_ref_map=%5B%5D
Sem comentários:
Enviar um comentário