sexta-feira, 15 de novembro de 2013

"As TIC em contexto educativo"

Algumas reflexões sobre "As TIC em contexto escolar":

Os grandes desafios da Sociedade da Informação prendem-se com as TIC, de forma particular com os meios informáticos e a Internet.

As tecnologias informáticas têm um grande impacto nas organizações sociais e implicações diretas na qualidade de vida e na educação.

Segundo Silva (citado por Candeias & Silva, 2008: 142), " Para o sistema educativo e seus agentes o grande desafio consiste em compreender a chegada do tempo de tecnologias que dão oportunidades de redesenhar as fronteiras de uma escola aberta aos contextos sociais e culturais, à diversidade dos alunos, aos seus conhecimentos, experimentações e interesses, enfim, em instituir-se como uma verdadeira comunidade de aprendizagem".

Mas o que está a ser feito para que isto aconteça? Que mudanças significativas encontramos no processo ensino-aprendizagem? De que modo o uso das TIC está a favorecer a aprendizagem dos alunos? Que alterações metodológicas os docentes estão a introduzir no processo ensino-aprendizagem que justifique a utilização das TIC?

Dias (citado por Candeias & Silva, 2008: 143) afirma que "as Tecnologias da Informação e da Comunicação estão a tornar-se um dos principais responsáveis pelas transformações que se verificam no campo da educação". Mas que transformações? Utilização do moodle como simples repositório de informação? Ou a utilização de outras ferramentas com o mesmo objetivo?

Mudanças, no que se refere à educação, tenho-as encontrado no ensino superior, mas no que diz respeito ao 3º ciclo e secundário, por exemplo, não tenho visto nenhumas.

Os alunos, nativos digitais, querem o computador não para trabalhar os conteúdos, mas para jogar, para ir ao facebook e outras coisas ainda piores. Os conteúdos não lhes interessam, não os motivam, não lhes dizem nada e nem o uso das tecnologias os motiva para a aprendizagem.
 
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Como refere Fátima Goulão (2012: 15), "a utilização das TIC per si não é suficiente para garantir a inovação e uma efetiva aprendizagem". Ao utilizar as TIC, o docente deve pensar e compreender de que modo estas o vão ajudar no processo ensino-aprendizagem, pois nem todas as ferramentas da Web 2.0 têm os mesmos objetivos ou nos permitem atingir as mesmos fins.
Temos de ter um conhecimento mais ou menos alargado dessas ferramentas, conhecermos as suas potencialidades e vermos se elas vão ao encontro da maneira de ser dos nossos alunos e dos objetivos que pretendemos alcançar, pois o sucesso da utilização das tecnologias é fundamentalmente uma questão pedagógica.
Não devemos esquecer que as novas tecnologias são apenas recursos que devemos adotar ao ensino, subordinando-os às nossas finalidades e enquadrando-os em estratégias de ensino fundamentadas e justificadas pelo que se pretende.
Como é sublinhado por Alda Pereira, "clarificar, previamente, o que se pretende com a introdução de uma tecnologia é [...] um dos fatores de êxito do seu uso, perspetivado como um suporte de experiências de aprendizagem enriquecedoras para os estudantes".
 
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O desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação tem sido um agente relevante de aprendizagem que conduz à expansão das oportunidades de combinação de recursos tecnológicos e humanos. Por isso, é fundamental que a biblioteca escolar integre os recursos tecnológicos que propiciem acesso a diversas formas literárias por pessoas de diferentes idades.
Muitas são as ferramentas disponíveis para permitir a aprendizagem através dos novos ambientes virtuais de aprendizagem, como, por exemplo, blogues, wikis, podcasts, eportefolios, social networking, social bookmarking, photo sharing, second life, fóruns online, vídeo messaging, youtube, audiographics, entre outras.
Através da utilização dos ambientes virtuais de aprendizagem pretende-se fomentar nos alunos habilidades de aprendizagem autónoma, desenvolver habilidades de construção de conhecimento e motivar para a aprendizagem contínua.
A biblioteca escolar pode tirar proveito das potencialidades de qualquer uma das ferramentas enumeradas para a consecução da sua missão e dos seus objetivos. Pode usar o wiki, por exemplo, para o aprofundamento do estudo de um determinado autor, proporcionando o trabalho colaborativo na construção de uma bibliografia anotada, colaborativa. O wiki tem a vantagem de ser assíncrona e deixar rastro de participação dos utilizadores. É colaborativo, aberto, tendo como objetivo a construção coletiva de um texto ou produção comum, de cuja autoria todos participam, não existindo propriamente uma versão final.
Os blogues permitem a divulgação de textos e a possibilidade de serem comentados livremente. A biblioteca escolar pode recorrer a este ambiente virtual de aprendizagem para publicar os textos relativos às atividades desenvolvidas, permitindo comentários, provocando um feedback rápido e atualizado.
O social bookmarking é excelente para grupos, pois permite-lhes criar uma rede para partilhar recursos considerados relevantes durante a construção de um projeto. É a ferramenta ideal pra processos de pesquisa, uma vez que possibilita seguir as pegadas de materiais e comentários online.
O que se pretende com a utilização dos recursos em ambientes virtuais de aprendizagem é a autonomia para a criação, é a capacidade criativa, é saber desconstruir e construir conhecimento, é argumentar e contra-argumentar, é saber ler e contra ler; o mesmo pretende a biblioteca escolar. Portanto, a biblioteca escolar só tem vantagens se se potencializar através do uso dos ambientes virtuais de aprendizagem.
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O mundo das tecnologias pula e avança, surpreendendo-nos todos os dias e, curiosamente, muitos profissionais da educação continuam a não tirar proveito das enormes vantagens das ferramentas digitais disponíveis, todas elas facilitadoras da organização e execução do trabalho. De acordo com o perfil de competências definido no Manifesto da Biblioteca Escolar e na Portaria nº 756, os professores bibliotecários devem ser portadores de competências sólidas nos domínios das literacias da informação e da comunicação, facilitadoras da realização do trabalho colaborativo nas bibliotecas e nas práticas pedagógicas.
Penso que todos nós temos desafios importantes pela frente no que diz respeito ao trabalho colaborativo, porque nos cabe a tarefa de realizar com os alunos atividades com recursos interativos e multimédia e com aproveitamento dos espaços online síncronos e de ferramentas Web 2.0, facilitadoras dos processos de comunicação, negociação e interação. Numa época de franca vulgarização das TIC e do mundo digital, temos realmente muitas oportunidades para introduzir o trabalho colaborativo nas nossas práticas pedagógicas.
Com a evolução da Sociedade da Informação e consequente necessidade de uma rápida aprendizagem tecnológica e global dos cidadãos, cabe à escola cumprir esse objetivo de forma mais global possível, contribuindo assim, desde os mais novos, para a formação integral do cidadão com um futuro desempenho social cada vez mais dependente da tecnologia. É neste contexto que as TIC se integram nas escolas, abrindo caminho para uma maior familiarização com esta área do conhecimento. Apesar de as TIC serem assumidas no Currículo Nacional do Ensino Básico em Portugal como “formação transdisciplinar”, devendo “conduzir, no âmbito da escolaridade obrigatória, a uma certificação da aquisição de competências básicas neste domínio” (Decreto-Lei 6/2001), não é isso que se verifica, por isso, surgem as Metas de Aprendizagem TIC com a indicação do que os alunos deverão adquirir nessa área ao longo do percurso escolar.
O projeto “Metas de Aprendizagem” acabou por constituir uma excelente oportunidade, para se equacionar, de uma forma sistemática, a definição do que os alunos deverão adquirir na área das TIC ao longo e em cada uma das fases do seu percurso escolar.
As Metas de Aprendizagem TIC partem do pressuposto de que as TIC desempenham um papel central na sociedade atual e que as formas de comunicação, de acesso à informação e de produção de conhecimento que elas propiciam não só fazem parte dos referentes culturais dos jovens, mas também que nelas reside um elevado potencial para a promoção do desenvolvimento global dos indivíduos, da sociedade e da missão nuclear da própria escola.
As Metas de Aprendizagem TIC são uma mais-valia para o trabalho quer do professor, quer do professor bibliotecário, uma vez que apontam as áreas de competência a atingir pelos alunos em cada um dos ciclos. Como refere o documento "Metas de Aprendizagem”, para o Pré-escolar, “a definição destas aprendizagens tem como propósito último servir de orientação para educadores de infância relativamente à selecção de estratégias de ensino e de avaliação dos resultados da aprendizagem. Podendo ainda ser útil a pais e outros adultos com responsabilidades na educação de crianças desta faixa etária”. O mesmo documento acrescenta, ainda, que “importa sublinhar que as aprendizagens visadas nesta faixa etária não são propriamente aquelas que dizem respeito ao conhecimento sobre o funcionamento dos equipamentos, dos programas ou dos recursos digitais. Mais do que isso, importa tirar partido do seu potencial para proporcionar às crianças melhores e mais ricas experiências de aprendizagem, valorizando as relações e interacções que as crianças estabelecem entre diferentes sistemas sociais com características específicas (e.g. casa, sala de aula, rua)”.  Relativamente ao 1º ciclo o documento refere que “mais do que um currículo autónomo, a ideia nuclear é a de que estas metas constituam o referencial a considerar por cada professor na sua área específica, numa óptica de desenvolvimento global do aluno, permitindo-lhe compreender em que matérias, para que fins e como será adequado e pertinente mobilizar as TIC”. Protagoniza, ainda, a ideia de que “a operacionalização das metas de aprendizagem na área das TIC assenta numa lógica de interacção entre os diferentes campos do conhecimento científico que compõem o Currículo (áreas disciplinares/curriculares), em articulação estreita com as aquisições de natureza transversal estruturantes do desenvolvimento global do indivíduo, dando origem a uma estrutura de áreas de competência organizadas, em função da sua especificidade”.
O referido documento aponta também um conjunto de estratégias de operacionalização, atividades e tarefas adequadas, para que os alunos, do pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos, sob orientação dos docentes, possam tirar vantagens das tecnologias digitais.
A biblioteca escolar/professor bibliotecário são imprescindíveis neste processo dado que a BE proporciona ambientes formativos e de acolhimento promotores da leitura, de uma cidadania ativa e da aprendizagem ao longo da vida. A biblioteca escolar tem um importante papel a desempenhar na promoção e desenvolvimento de literacias que permitirão aos alunos a integração efetiva, profícua e feliz na Sociedade da Informação. As bibliotecas escolares, na definição/programação/planificação de atividades com professores e alunos deverão ter sempre em consideração as Metas de Aprendizagem TIC referentes à literacia digital para que as áreas de competências – informação, comunicação, produção e segurança – se constituam como pilares das restantes literacias, nomeadamente as que são definidas no documento “Aprender com a Biblioteca Escolar”: literacia da leitura, literacia dos média e literacia da informação.
O aluno, ao terminar o Ensino Básico, deverá ser capaz de pesquisar, selecionar e organizar informação para a transformar em conhecimento mobilizável e adotar estratégias adequadas à resolução de problemas e à tomada de decisões. A biblioteca escolar é o espaço e o recurso por excelência para a concertação de esforços na promoção e desenvolvimento da literacia da informação, cumprindo os objetivos que estão consignados nos documentos referenciais, nomeadamente o Manifesto da Biblioteca Escolar (IFLA/UNESCO, 1999) e a Declaração Política da IASL sobre Bibliotecas Escolares (IASL, 1993) e que o recente referencial emanado pela RBE vem reforçar e orientar.
Portanto, o documento “Aprender com a biblioteca escolar – referencial de aprendizagens associadas ao trabalho das bibliotecas escolares na Educação Pré-escolar e no Ensino Básico” é uma mais-valia, uma referência para o desenvolvimento de atividades com os docentes, pois aponta para estratégias de operacionalização para cada umas das literacias – leitura, média e informação – bem como sugere atividades a desenvolver pelos professores de forma articulada com a biblioteca escolar. Com efeito, reunidos no espaço da biblioteca escolar, os recursos informacionais constituem-se como um excelente manancial para proporcionar o desenvolvimento de conhecimentos, competências e atitudes necessários para se viver na Sociedade da Informação, quer sejam utilizados por iniciativa dos alunos, quer por iniciativa dos professores na preparação e implementação de atividades letivas diversificadas, ao serviço de uma aprendizagem baseada em recursos.
O desenvolvimento de projetos articulados entre os professores e a biblioteca escolar é a melhor forma de articular as Metas de Aprendizagem TIC com as competências necessárias às diferentes áreas de literacia, pois a biblioteca é o espaço privilegiado para a agregação de diferentes saberes.
Referências:
CANDEIAS, M. I & SILVA, J. A. (2008). A nossa sala de aula já é maior que o planeta Terra!. [Em linha]. In Educação, Formação & Tecnologias; vol. 1(1), pp. 142- 152. Disponível em http://eft.educom.pt.
 DECRETO-LEI nº 6/2001. D.R. I Série - A (2001-01-18) 258-265. [Em linha]. Disponível em http://www.gave.min-edu.pt/np3content/?newsId=31&fileName=decreto_lei_6_2001.pdf
 IASL (1993). Declaração política da IASL sobre bibliotecas escolares. [Em linha]. Disponível em http://www.oei.es/pdfs/rbe5.pdf.
IFLA/UNESCO (1999). Manifesto da Biblioteca Escolar da IFLA/UNESCO. [Em linha]. Disponível em http://archive.ifla.org/VII/s11/pubs/portug.pdf.
MOREIRA, J. A. e MONTEIRO, A. (2012). Ensinar e aprender online com tecnologias digitais: abordagens teóricas e metodológicas. Porto: Porto Editora.
 

 


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