terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O bibliotecário digital

O bibliotecário digital deve possuir conhecimentos dos instrumentos e métodos de catalogação eletrónica (metadados); dominar as tecnologias da informação; conhecer os aspetos relacionados com a lógica e a estratégia de pesquisa; conhecer formatos e linguagem da web (html, xml, sgml); possuir um pensamento lógico; ser criativo; entender as peculiaridades do acesso a banco de dados, redes de biblioteca e demais fontes eletrónicas; conhecer software de aplicativos utilizados nas bibliotecas; conhecer as normas de Direito Autoral; possuir conhecimentos dos protocolos de informação (por exemplo, Z39.50).
Contudo, deve continuar a ter conhecimentos relacionados com a administração de arquivos, gestão de documentos, organização de fundos documentais e tratamento técnico de acervos bibliográficos.
            O bibliotecário digital deve ser dinâmico e criativo, isto é, ser capaz de resolver, rapidamente, problemas que possam surgir no momento, devendo possuir, por isso, capacidade para aprender constantemente e depressa; deve ter facilidade em partilhar conhecimentos, ou seja, adaptar-se ao trabalho em equipa e ter um bom relacionamento interpessoal com os que o rodeiam; deve ser flexível, adaptando-se a qualquer situação com que se depare e respeitar as decisões/conclusões que sejam tomadas/encontradas.
            O bibliotecário digital deve ser capaz de fornecer a informação certa, no momento certo, para o fim a que se destina, ou seja, deve possuir perspetivas de serviço público.
            O bibliotecário digital deve possuir o entendimento dos conceitos básicos de informática e das ciências da informação, a capacidade de aprender, avaliar e utilizar as diversificadas ferramentas e aplicações informáticas que possam ser úteis ao exercício das suas funções.
            A globalização e o desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação têm provocado profundas transformações no mundo. A massificação do uso da internet e o acesso às novas tecnologias transformaram profundamente tanto a nossa vida social como a nossa vida profissional e até a forma como aprendemos ou ensinamos. Estas transformações foram sentidas, igualmente, no mundo das bibliotecas: não só a informação, considerada, atualmente, como peça-chave essencial ao conhecimento humano, passou a desempenhar um papel fundamental no dia-a-dia dos seres humanos, como o ênfase dos serviços deixou de centrar-se na coleção/posse do livro como objeto físico, passando a focar-se no utilizador e na informação. As bibliotecas, como organismos vivos que são, têm vindo a desenvolver novos serviços, adaptando-se às novas realidades, a novos suportes de informação e a novas formas de comunicação em rede.
            Atualmente, as bibliotecas tradicionais, as bibliotecas digitais e as bibliotecas hibridas coexistem pacificamente, sendo que os serviços que prestam dependem, em grande parte, do grau de adaptabilidade de cada uma delas ao mundo digital. No entanto, esses serviços são sempre pensados tendo em conta os utilizadores, fator que condiciona o tipo de serviços prestados e inclusivamente a forma como estes são prestados. No caso das bibliotecas digitais há dois fatores a ter em consideração quando falamos em serviços prestados: a universalidade dos utilizadores e a acessibilidade aos documentos. Com o fim de barreiras físicas ou temporais que condicionem a acessibilidade à biblioteca, os utilizadores digitais podem ser de uma enorme variedade, difícil de prever, competindo aos profissionais da informação antever e proporcionar serviços que tenham em consideração a universalidade dos utilizadores, reais e potenciais, assim como a sua diversidade linguística e cultural.
            Mantendo sempre o seu propósito principal de disponibilizar informação, bibliotecas por todo o mundo investem cada vez mais em serviços de referência online, usando todas a inovações tecnológicas e comunicacionais ao seu alcance, que lhes permitam chegar aos seus utilizadores. Telefone, fax, e-mail, formulários web, SMS, online chat, vídeo chat e, mais recentemente, as redes sociais são formas comuns, adotadas pelos serviços de informação no contacto com os seus utilizadores.
            Não menos importantes, no entanto, são os serviços prestados diretamente relacionados com a acessibilidade aos documentos, ou seja, os serviços de atendimento e ajuda ao utilizador, nomeadamente: os serviços de help desk, linhas telefónicas de ajuda, instruções, guias e manuais de pesquisa, etc. Um dos aspetos mais importantes para as bibliotecas será sempre a formação dos utilizadores e o desenvolvimento da sua autonomia digital e informacional.

Referências:

Caldeira, Pedro Zany (2003). A usabilidade das bibliotecas digitais: a perspetiva dos leitores/utilizadores. Cadernos Bad, 2, pp 18-32.

Comissão de Ética para os Profissionais da Informação em Portugal (1999).  Código de Ética para os Profissionais de Informação [Em linha]. Lisboa : Comissão de Ética para os Profissionais da Informação em Portugal. [Consult. 21 Fev. 2012]. Disponível em WWW:<URL:www.apbad.pt/Downloads/codigo_etica.pdf>
Dutra, T. N. A.; Carvalho, A. V. (2006). O profissional da informação e as habilidades exigidas pelo mercado de trabalho emergente. Encontros Bibli: Revista Electrónica de Biblioteconomia e Ciências da Informação, Florianópolis, nº22, 2º sem., 178-194. Acedido em 23 de abril de 2012 em www.brapci.ufpr.br/download.php?dd0=11886.

Leitão, Paulo Jorge Oliveira (2010). Conteúdo gerado pelos utilizadores: desafios para as bibliotecas. Cadernos Bad, 1/2, pp 113-146.
 Mendonça, M. F. A. (s. d.). O moderno profissional da informação e seu perfil face aos novos tempos. Acedido em 23 de abril de 2012 em http://www.biblioteca.sebrae.com.br/.
 Rodrigues, E. (s. d.). Os novos tempos de uma velha profissão: perfis e competências dos bibliotecários na revolução digital. Acedido em 23 de abril de 2012 em http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/421/1/APDIS98.pdf.
 Witten, Ian H. ; Bainbridge, David ; Nichols, David M. (2010). How to build a digital library. 2nd ed. Burlington: Elsevier.



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